O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, revelou esta segunda-feira que os Estados Unidos vão suspender a implementação das tarifas de 25% sobre a maioria das importações e produtos durante 30 dias, depois de uma conversa com o Presidente norte-americano Donald Trump.
"O Canadá está a assumir novos compromissos. Nomearemos um czar responsável pela questão do fentanil, acrescentaremos os cartéis mexicanos à lista de entidades terroristas (...) e lançaremos, com os Estados Unidos, uma força de ataque conjunta contra o crime organizado, o tráfico de fentanil e o branqueamento de capitais", adiantou Trudeau, através da rede social X.
As novas medidas representam um investimento de 200 milhões de dólares canadianos (cerca de 136 milhões de dólares americanos), acrescentou.
Também Donald Trump recorreu às redes sociais para confirmar a suspensão da aplicação das tarifas, prevista para terça-feira, na procura de estruturar "um acordo económico final com o Canadá".
"O Canadá concordou em garantir que temos uma fronteira norte segura e em acabar finalmente com o flagelo mortal de drogas como o Fentanil que estão a chegar ao nosso país", elogiou o republicano.
Trump frisou ainda que o Canadá vai gastar 1,3 mil milhões de dólares na fronteira, que será reforçada com "novos helicópteros, tecnologia e pessoal, uma coordenação melhorada com os parceiros americanos e recursos acrescidos para interromper o fluxo de fentanil", números que já tinham sido avançados por Trudeau.
A suspensão temporária das tarifas ocorre poucas horas antes de os Estados Unidos começarem a impor taxas de 10% sobre as compras de petróleo e gás canadianas e de 25% sobre outras importações.
O Canadá anunciou no sábado que também iria aplicar taxas de 25% sobre 30 mil milhões de dólares em exportações dos EUA para o país a partir de terça-feira, em retaliação às tarifas.
O governo canadiano também planeou aplicar as mesmas tarifas a outros 125 mil milhões de dólares em importações dos EUA a partir de 25 de fevereiro.
De acordo com dados oficiais do Serviço de Fronteiras dos EUA, menos de 1% do fentanil apreendido nos Estados Unidos no ano passado veio do Canadá.
O número de migrantes que entram nos Estados Unidos pela fronteira norte aumentou, mas ainda assim representará apenas 6% do total em 2023.
Acordo também com o México
Antes, Trump prometera à homóloga mexicana suspender por um mês a entrada em vigor das tarifas sobre o México, depois de Claudia Sheinbaum anunciar uma mobilização do Exército na fronteira comum.
"Tivemos uma boa conversa com o Presidente Trump com muito respeito pela nossa relação e soberania; chegámos a uma série de acordos", disse a Presidente mexicana, após um telefonema com Trump em que discutiu a entrada em vigor de tarifas de 25% sobre importações de produtos mexicanos para os EUA, que estava marcada para o final do dia de hoje.
Trump usou a rede social Truth Social para confirmar este acordo, explicando que durante este mês de suspensão serão realizadas negociações entre os dois países, que por parte dos Estados Unidos serão lideradas pelo secretário de Estado, Marco Rubio, e pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent e o secretário do Comércio, Howard Lutnick.
O líder norte-americano disse que a conversa com a homóloga mexicana decorreu de "forma amigável".
Sheinbaum assegurou que "o México reforçará a fronteira norte com 10.000 elementos da Guarda Nacional, imediatamente, para impedir o tráfico de drogas do México para os Estados Unidos, particularmente o fentanil".
A líder mexicana acrescentou ainda que "os Estados Unidos estão empenhados em trabalhar para impedir o tráfico de armas de alto poder para o México".
"As nossas equipas vão começar a trabalhar hoje em duas frentes: a segurança e o comércio", explicou Sheinbaum.
A Casa Branca anunciou no sábado que, a partir de terça-feira, haveria tarifas de 25% sobre todos os produtos mexicanos em retaliação ao défice comercial, à migração irregular e ao tráfico de fentanil.
As tarifas são uma preocupação para o México, pois é o maior parceiro comercial dos Estados Unidos, com as exportações para aquele país avaliadas em 490,183 mil milhões de dólares (cerca de 485 mil milhões de euros) em 2023, quase 30% do produto interno bruto (PIB) do México, de acordo com um relatório do Instituto Mexicano de Competitividade (IMCO).