
O Pentágono anunciou hoje que vai reduzir em cerca de metade os dois mil militares norte-americanos atualmente destacados na Síria para combater os extremistas islâmicos, prevendo-se a saída nos próximos meses.
Os Estados Unidos têm uma presença militar na Síria há anos, nomeadamente como parte da coligação internacional contra o grupo Estado Islâmico (EI). O EI foi derrotado em 2019, mas as células permaneceram ativas.
Esta decisão surge quase três meses após a chegada ao poder de Donald Trump, que há muito se opunha à presença norte-americana no país e defendia o regresso a uma política isolacionista dos EUA.
O anúncio de hoje deve "reduzir a presença dos EUA na Síria para menos de mil soldados nos próximos meses", disse o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, em comunicado.
"Esta consolidação demonstra os passos significativos que demos para degradar o recurso e as capacidades operacionais do grupo Estado Islâmico, na região e em todo o mundo", disse, referindo-se mais amplamente ao "sucesso dos EUA contra o EI".
Donald Trump há muito que se mostra cético quanto à presença militar na Síria, e a queda, no final de dezembro, de Bashar al-Assad, substituído na chefia do país por uma coligação liderada por islamitas, não alterou a situação.
"A Síria está um caos, mas não é nossa amiga, (...) não é a nossa luta", escreveu Donald Trump em dezembro, por ocasião da ofensiva que pôs fim a 50 anos de domínio indiviso do clã Assad.
A tomada de vastas áreas da Síria e do Iraque pelo EI, a partir de 2014, desencadeou a intervenção de uma coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, cujo principal objetivo era apoiar, a partir do ar, as unidades do exército iraquiano e os curdos que combatiam o EI no terreno.
Mas Washington também enviou milhares dos seus soldados para apoiar estas tropas locais e conduzir as suas próprias operações militares.
Após a vitória contra o EI, declarada em 2017 no Iraque e em 2019 na Síria, uma presença militar norte-americana permaneceu no terreno para perseguir as células remanescentes dos grupos extremistas.
No final de dezembro, a administração do antigo Presidente democrata Joe Biden, que estava no poder na altura, anunciou que tinha aumentado o número de tropas norte-americanas na Síria durante os meses anteriores, apesar de Washington ter afirmado durante anos que tinha 900 soldados no terreno.
O exército dos Estados Unidos "continuará pronto a realizar ataques contra o que resta do EI na Síria", afirmou o porta-voz do Pentágono, segundo o qual os EUA mantêm "capacidades significativas na região".
Os Estados Unidos têm cerca de 2.500 efetivos no Iraque, uma presença que deverá diminuir.
A segurança na Síria continua a ser precária desde a queda de Bashar al-Assad, após quase 14 anos de guerra desencadeada pela repressão violenta das manifestações antigovernamentais em 2011.