
A economia portuguesa financiou o exterior em 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, tendo apresentado a maior capacidade de financiamento em quase três décadas, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
"Em 2024, a economia portuguesa financiou o exterior em 3,3% do PIB. Tratou-se da maior capacidade de financiamento observada desde 1995", refere o BdP num comunicado sobre as contas nacionais financeiras.
Segundo o banco central, os particulares, o setor financeiro e as administrações públicas registaram capacidades de financiamento de 4,7%, 1,6% e 0,7% do PIB, respetivamente.
Já as empresas não financeiras foram em 2024 o único setor residente a apresentar necessidade de financiamento, de 3,7% do PIB.
No ano passado, os particulares foram o setor com maior capacidade de financiamento, de 4,7% do PIB, o valor mais elevado desde 2020, tendo este setor financiado os restantes em termos líquidos, com exceção das administrações públicas.
O BdP detalha que para este resultado contribuiu, sobretudo, o financiamento líquido dos particulares ao setor financeiro, de 3,2% do PIB.
Contrariamente a 2023, ano em que os particulares privilegiaram as aplicações em certificados de aforro e do Tesouro, em 2024 os depósitos voltaram a aumentar (4,4% do PIB), tendo esta sido a maior subida de depósitos desde 2008, sobretudo impulsionada pelos depósitos a prazo.
A subida dos depósitos foi "parcialmente compensada" pela obtenção de empréstimos (1,7% do PIB), sendo que a concessão líquida de empréstimos de bancos residentes aos particulares, principalmente crédito à habitação, também foi a mais elevada desde 2008.
Quanto ao setor financeiro, financiou, em termos líquidos, o resto do mundo em 6,2% do PIB, o valor mais alto desde 2014, sobretudo através da aquisição de títulos de dívida pública emitidos por não residentes.
De acordo com o BdP, os bancos residentes aumentaram o investimento em títulos de dívida emitidos por não residentes em 18.600 milhões de euros, o que representou um máximo histórico anual.
"Nos últimos anos, os títulos de dívida emitidos por não residentes têm ganhado relevância na carteira de títulos de dívida dos bancos residentes", nota o banco central, detalhando que, no final de 2024, esses títulos correspondiam a 45% do total do investimento dos bancos residentes em dívida titulada.