Por espírito natalício ou proximidade de eleições autárquicas, o "carinho" com que a Junta dos Olivais justificou dar duas semanas de férias aos seus funcionários nesta época espalhou-se à margem sul. No Seixal, a lista de serviços e equipamentos que fecham as portas no Natal e só voltam a abrir em 2025 ocupa duas páginas de um edital publicado pela autarquia comunista no início desta semana. Do Natal ao Ano Novo, há apenas um dia de trabalho: segunda, 30. E não é para todos.
Posto de turismo, pavilhões, biblioteca, parques, associações e instituições culturais municipais dizem "até para o ano" na véspera de Natal. Mas não lhe ficam atrás serviços mais prementes, como as lojas do cidadão e do munícipe, ou até de recolha de lixo. Todos beneficiam da decisão da Câmara do Seixal de presentear os seus funcionários com dias de "férias" extra.
Uma simpatia que pode não ser tão agradável para quem ali vive, já que significa o encerramento de uma série de balcões públicos, dentro e fora do âmbito de decisão autárquico. Irá tornar impossível, por exemplo, fazer ou levantar um passaporte ou cartão de cidadão, tratar da pensão ou resolver um assunto nas Finanças, nesse período, já que os balcões estarão encerrados.
Num edital publicado no dia 16, o presidente da câmara expõe a sua decisão, alargando a tolerância de ponto concedida pelo governo aos funcionários públicos nos dias 24 e 31 de dezembro, vésperas dos feriados de 25 e 1.
À beira do ano das eleições autárquicas, Paulo Silva, que desde 2022 assume a liderança da autarquia — após Joaquim Santos, que não podia voltar a candidatar-se, ter dado lugar ao seu vice —, decidiu dar também folga a todos os trabalhadores da autarquia nos dias 26 e 27 de dezembro (28 e 29 são dias de fim de semana). E, consequentemente, determinar o encerramento dos equipamentos que deles dependem, incluindo os que oferecem aos munícipes serviços do Estado central.
Em alguns casos, estas miniférias são ainda mais alargadas. A rede de Lojas do Munícipe e do Cidadão do Seixal vão encerrar também no dia 28 (normalmente, estão abertas de segunda a sábado, entre as 9.00 e as 20.00), só estando, portanto, a funcionar um dia entre o Natal e o Ano Novo.
Conforme explica ao SAPO um morador do concelho, "um conjunto de entidades não tuteladas pela autarquia, como as Finanças, a Segurança Social, o Instituto dos Registos e do Notariado ou os CTT, ficam impossibilitadas de operar com normalidade durante uma semana e meia, com transtorno evidente para um sem-número de cidadãos".
Para além destes, também os funcionários que tratam do lixo no Seixal estarão de folga no período das festas, tendo o autarca decidido que não haverá recolha à porta ou de proximidade (contentores, caixotes, etc.) quer nos dias que merecem tolerância (24, 26, 27 e 31 de dezembro) quer nos feriados de 25 de dezembro e 1 de janeiro. Ou seja, os despojos do Natal só serão levados a 28 de dezembro. A recolha de monos e resíduos verdes à porta simplesmente não existirá entre os dias 23 e 2 de janeiro.