Os diretores escolares alertaram, esta terça-feira, que as 11 mil vagas abertas para colocação de professores no próximo ano letivo serão insuficientes para deixar de haver alunos sem aulas e estimam que o problema só ficará resolvido em 2030.

"No próximo ano letivo haverá novamente muitos alunos sem aulas", afirmou à Lusa o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) , Filinto Lima, garantindo que as mais de 11 mil vagas dos concursos não serão suficientes para responder às necessidades.

Os dois concursos, que terminam na quarta-feira, disponibilizaram 5.623 lugares para os professores contratados passarem a integrar os quadros e outras 5.433 vagas em quadros de escola, para que os docentes possam concorrer a outras escolas.

"Os concursos agora são anuais mas não resolvem o problema, que só ficará resolvido muito lá para a frente, em 2030", disse à Lusa o também diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, em Vila Nova de Gaia.

Há vários anos que as regiões de Lisboa, Alentejo e Algarve são apontadas como as mais problemáticas e foi nessas zonas que agora abriram mais vagas: do total 11.056 lugares, 4.305 (39%) correspondem a zonas da Grande Lisboa, Península de Setúbal, Alentejo e Algarve.

No entanto, Filinto Lima estima que estas vagas não serão suficientes para cobrir as saídas provocadas pelas reformas dos docentes.

O ministério da Educação tinha esclarecido que as necessidades tinham sido identificadas pelas escolas em articulação com a Direção-Geral da Administração Escolar (DGAE), tendo em conta critérios como o atual corpo docente nas diferentes disciplinas, a previsão do número total de alunos e as horas letivas necessárias para o próximo ano letivo.

O apuramento considerou também o número de docentes que não podem dar aulas, a escassez de professores e o histórico de dificuldades de recrutamento, com base nas vagas que não foram ocupadas nas necessidades temporárias até à segunda reserva de recrutamento.

No final, havia 4.729 "vagas negativas" que correspondem, por exemplo, a professores que vão passar à aposentação a partir do início do próximo ano letivo ou de docentes sem componente letiva atribuída.

No entanto, Filinto Lima disse que não serão suficientes, dando como exemplo mais grave os alunos de educação especial.

O presidente da ANDAEP acusou os serviços de continuarem a abrir poucas vagas para professores de educação especial:

"Este é um grupo de recrutamento mal tratado, é o parente pobre da educação, sendo que temos cada mais alunos com necessidades especificas e nem por isso temos muito mais vagas".

- Com Lusa