O diretor do FBI, Christopher Wray, revelou esta quarta-feira que pretende deixar a liderança desta agência federal norte-americana de investigação no final do mandato do Presidente Joe Biden, em janeiro, antes do sucessor Donald Trump tomar posse.

Numa reunião com a equipa do departamento federal, Wray disse esta quarta-feira que deixará o cargo em janeiro e antes do final do mandato, "após semanas de cuidadosa reflexão", noticia a agência AP.

A intenção de Wray de renunciar era esperada, dado que Donald Trump já havia anunciado a escolha para o cargo, na sua futura administração, de Kash Patel, um forte crítico dos procedimentos do FBI e apoiante intransigente do movimento político do Presidente eleito.

Wray havia sido nomeado anteriormente por Trump, após o ex-presidente demitir o então diretor do FBI James Comey, iniciando em 2017 um mandato de 10 anos, um período destinado a isolar a agência da influência política das diferentes administrações.

"O meu objetivo é manter o foco na nossa missão, o trabalho indispensável que vocês fazem diariamente para o povo americano. Na minha opinião, essa é a melhor maneira de evitar afundar ainda mais o FBI na confusão política", acrescentou Wray, numa declaração por escrito aos funcionários do FBI, citada pelas agências internacionais.

A investigação do FBI sobre o assalto ao Capitólio por apoiantes de Donald Trump em 06 de janeiro de 2021 transformou a instituição centenária num alvo de ataques sem precedentes, vindos sobretudo da ala mais à direita do partido republicano.

As críticas, incluindo do próprio Donald Trump, foram alimentadas também pelas buscas à residência do presidente eleito em Mar-a-Lago, na Flórida (sudeste), em 2022, onde a polícia federal apreendeu documentos classificados.

Trump criticou Wray em várias ocasiões, mais recentemente numa entrevista à NBC em que fez referência às buscas do FBI em Mar-a-Lago.

"Não posso dizer que ele me entusiasme (...) Ele invadiu a minha casa", disse o presidente eleito.

O antigo presidente republicano Donald Trump sucederá a Joe Biden (democrata) no próximo dia 20 de janeiro, depois de ter derrotado a vice-presidente e candidata democrata, Kamala Harris, nas eleições presidenciais norte-americanas de 05 de novembro.

Ao anunciar a nomeação de Patel, Trump descreveu-o como "um brilhante advogado, investigador e lutador do 'America First' que passou a sua carreira a expor a corrupção, a defender a Justiça e a proteger o povo americano", posicionando-se "como um defensor da verdade, da responsabilidade e da Constituição".

Depois de anos a ser alvo de investigações federais que acompanharam a sua primeira Administração e que mais tarde levaram à sua acusação, esta nomeação está em linha com a visão de Trump de que as agências governamentais precisam de uma transformação radical.

Ainda não está claro se Patel poderá ser confirmado, mesmo por um Senado liderado pelos republicanos, embora Trump também tenha levantado a perspetiva de usar o 'recess appointment' - ato em que o Presidente nomeia alguém para um cargo público quando o Senado está em suspensão das suas atividades - para fazer valer as suas escolhas.