A 23 de janeiro de 1963, há 62 anos, teve início a luta armada pela independência da Guiné-Bissau de Portugal, antiga potência colonial, uma data que foi assinala pelo Governo com a condecoração de cerca de 70 combatentes.

Na cerimónia, em Bissau, presidida pelo primeiro-ministro, Rui Duarte Barros, o porta-voz dos Combatentes da Liberdade da pátria, Francisco Djata, denunciou a "situação de abandono" e "condições precárias" em que vivem os antigos combatentes.

O porta-voz pediu ao Estado que não os deixe para trás, lembrando que os antigos combatentes cumpriram a sua missão e também são guineenses.

Francisco Djata pediu ainda para que os que fizeram a luta não sejam usados como "instrumento político" nas campanhas eleitorais, o único momento em que, segundo disse, se lembram deles.

Os antigos combatentes pedem uma pensão digna e uma vida melhor, 51 anos depois de a Guiné-Bissau se ter tornado um país independente.

A Guiné-Bissau tem um Ministério dos Combatentes da Liberdade da Pátria e o responsável pela pasta, o ministro Ali Hijazi, reconheceu hoje e mostrou-se "preocupado" com as dificuldades da maioria daqueles que participaram na luta armada.

O governante lembrou as "muitas tentativas" que tem havido para resolver a questão, admitindo que sem benefícios visíveis e defendendo que é preciso tirar ilações e encontrar soluções.

O PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde), que conduziu a luta pela independência, assinalou a data mais um ano impedido de entrar no forte da Amura, em Bissau, para depositar flores no túmulo do líder histórico Amilcar Cabral.

Uma comitiva do partido fez a cerimónia na estátua de Cabral junto ao aeroporto internacional Osvaldo Vieira, com o vice-presidente, Califa Seidi, a criticar a retirada desta data histórica dos feriados oficiais da Guiné-Bissau.

Na lista de feriados mantém-se 20 de janeiro, dia em que Amilcar Cabral foi assassinado, em 1973.

O Presidente da República, Umaro Sissoco Embaló, depositou flores na Amura para assinalar a data, enquanto Domingos Simões Pereira, líder do PAIGC e da coligação PAI Terra Ranka, deposta do Governo pelo chefe de Estado, que nomeou um executivo de iniciativa presidencial, fez uma comunicação gravada em vídeo.

Simões Pereira encontra-se fora da Guiné-Bissau e gravou a mensagem, publicada nas redes sociais do PAIGC, a lembrar que faltavam 41 dias para o fim do mandato presidencial, que, insiste, termina a 27 de fevereiro, cinco anos depois da tomada de posse.

Por seu turno, o chefe de Estado continua a repetir que o mandato só termina em setembro, data da decisão judicial sobre o litígio em torno dos resultados eleitorais, e reafirma que as presidenciais terão lugar em novembro.

No vídeo, Simões Pereira apela mais uma vez ao povo guineense para sair à rua a exigir a reposição dos órgãos de soberania, nomeadamente a Assembleia Nacional Popular de que era presidente, e que se encontra fechada desde a dissolução em dezembro de 2023.

Em reação a estas declarações, o Presidente da República, Sissoco Embaló, acusou Simões Pereira de ser um "político ativista das redes sociais, fugitivo e golpista".

Sissico Embaló voltou, ainda, a exortar aqueles que discordam das decisões presidenciais a recorrerem aos tribunais.

 

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