Subiu para sete o número de pessoas feridas este domingo ao início da tarde, na Rua do Benformoso, em Lisboa, na sequência de "uma desordem" envolvendo vários estrangeiros, disse fonte da PSP, que reforçou o policiamento na zona.

"Esta tarde, por volta das 14:30, quatro cidadãos estrangeiros deslocaram-se à 4.ª esquadra na Rua da Palma, onde pediram apoio. Pediram ajuda à polícia o que revela a confiança que esta comunidade tem na PSP e pediram ajuda porque apresentavam sinais de terem sido agredidos. Prontamente foram acionados para o local e foram detetadas mais três pessoas ainda aqui e com sinais de terem sido agredidas. Duas das quais com uma faca, uma arma branca", explicou o Sub-intendente Iuri Rodrigues.

Pelo menos três das sete vítimas foram assistidas no local e conduzidas ao Hospital de São José. Todos "aparentam estar em forma regular" em território nacional.

"O que podemos dizer é que houve alguma violência: há registo de dentes partidos, agressões com arma branca numa perna e barriga e cortes na cabeça", acrescenta.

Em conferencia de imprensa, o Sub-intendente Iuri Rodrigues refere a barreira linguística como um dos obstáculos que impede apurar os motivos da desordem. O responsável afirmou que a PSP prossegue as diligências para apurar a origem dos confrontos e indicou que, até agora, não houve detenções.

"Com base na informação que tenho, é muito pouco provável que haja detenções. As sete pessoas que foram assistidas aparentam ser vítimas e portanto não são detidas", afirmou Iuri Rodrigues à imprensa.

A polícia vai comunicar a ocorrência ao Ministério Público. A políciareforçou a presença na zona do Martim Moniz, algo que o comandante disse que já estava previsto, tal como em outras áreas da cidade, como o Mercado de Arroios e o Bairro Alto.

"Há um policiamento de proximidade na Rua do Benformoso e na Mouraria e estaremos aqui todos os dias", referiu.

Desacatos ocorrem menos de um mês depois da operação no Martim Moniz

Uma operação policial ocorrida a 19 de dezembro na Rua do Benformoso gerou polémica, após terem sido divulgadas as imagens de dezenas de imigrantes encostados às paredes dos prédios, para serem revistados.

Questionado se as críticas à intervenção policial, há cerca de um mês, alterou a atuação policial, o comandante negou.

"A PSP tem o objetivo de promover a segurança a todos os cidadãos, sem exceção. Continuamos o nosso trabalho, com base em dados científicos, experiência e observação do terreno. Fazemos as coisas de acordo com os nossos princípios, respeito pelos cidadãos, pelas vítimas e pelas pessoas que são suspeitas e que têm os seus direitos", referiu.
"O que se passou, para nós, não mudou nada. Estamos convencidos de que estamos a fazer bem o nosso trabalho e continuaremos a tentar fazê-lo ainda melhor", acrescentou.

A operação resultou na detenção de duas pessoas e já teve como consequência a abertura de um inquérito por parte da Inspeção-Geral da Administração Interna e uma queixa à provedora de Justiça, subscrita por cerca de 700 cidadãos, entre eles deputados do PS, Bloco de Esquerda e Livre.

Milhares de pessoas participaram este sábado numa manifestação contra o racismo e xenofobia, denominada "Não nos encostem à parede", em protesto contra a atuação da polícia nesta zona do Martim Moniz.

André Ventura reage à "altercação" na Rua do Benformoso

O líder do Chega recorreu à rede social X para reagir aos desacatos deste domingo na Rua do Benformoso, no Martim Moniz. André Ventura fala em "sangue nas ruas, pancadaria, facas e barras de ferro" e atira farpas aos partidos de esquerda.

[Última atualização às 20:06]

- Com Lusa