O líder da CDU, partido vencedor das eleições de domingo na Alemanha e futuro chanceler, Friedrich Merz, assumiu, esta segunda-feira, a vontade de formar uma coligação governamental com os sociais-democratas do SPD, esperando alcançar um acordo até à Páscoa.

"Estou determinado a manter discussões positivas, rápidas e construtivas com os sociais-democratas, a fim de formar um governo de coligação [...] por volta da noite de Páscoa, a 20 de abril", dentro de sensivelmente dois meses, declarou Merz, na sede da União Democrata-Cristã (CDU), em Berlim.

Apontando que o bloco conservador - formado pela CDU e a sua congénere bávara União Social Cristã (CSU) - conquistou 208 assentos no futuro Bundestag (câmara baixa do parlamento alemão), o que, juntando aos 120 deputados eleitos pelos sociais-democratas do SPD, do chanceler cessante Olaf Scholz, permite obter 328 lugares dos 630 do parlamento, Merz observou que estão reunidas as condições para reeditar a chamada «grande coligação».

Já no que diz respeito ao resultado alcançado pela AfD, que duplicou a votação de 2021 e chegou aos 20,8%, o melhor resultado da extrema-direita na Alemanha desde a II Guerra Mundial, Friedrich Merz reconheceu que "é um sinal alarmante", que não pode ser ignorado.

O futuro chanceler alemão, Friedrich Merz, afirma estar a preparar-se para "o pior cenário possível" nas relações transatlânticas, face ao desinteresse da nova administração norte-americana pela Europa. "Todos os sinais que estamos a receber dos Estados Unidos indicam que o interesse na Europa está a diminuir significativamente", pelo que é necessário "enfrentar o pior cenário possível", designadamente se imperar a linha "daqueles que, nos Estados Unidos, falam não só de uma 'América Primeiro' mas quase de uma 'América Sozinha'", declarou Merz, numa conferência de imprensa na sede da União Democrata-Cristã (CDU), em Berlim, no dia seguinte às eleições.

"É evidente que os europeus devem organizar muito rapidamente a sua capacidade de defesa, e esta é uma questão que terá prioridade absoluta nas próximas semanas", garantiu o líder conservador alemão, acrescentando que está "totalmente de acordo" com o presidente francês, Emmanuel Macron, com o qual falou por telefone no domingo à noite, e que se desloca a Washington para apresentar "propostas de ação" ao Presidente Donald Trump, com vista a afastar a "ameaça russa" na Europa e garantir uma "paz duradoura" na Ucrânia.

Friedrich Merz reitera ser "inaceitável" que os Estados Unidos façam um acordo de paz com a Rússia "à revelia dos europeus e à revelia da Ucrânia", referindo ainda ter esperança em convencer a administração norte-americana liderada por Trump de que a preservação de uma "boa relação transatlântica" é "do interesse comum", garantindo que, pela sua parte, tudo fará para o conseguir.

O líder dos conservadores alemães defendeu que a Europa precisa de demonstrar unidade em relação ao futuro da NATO e clarificar o quanto está disposta a gastar em defesa, admitindo que nunca pensou ter de defender a criação de "uma capacidade de Defesa europeia autónoma".