Tem 55 anos, é natural de Cernache do Bonjardim, na Beira Baixa, de onde saiu rumo a Lisboa para estudar Direito. Veio sozinho, para longe dos pais e dos irmãos, viver num quarto interior, na zona do Intendente, para tirar uma licenciatura que nunca chegou a concluir. A paixão pela tecnologia e o curso de informática financiado pelo Fundo Social Europeu, que tirou “sem nunca ter visto um computador antes”, acabariam por mudar o rumo do atual presidente do Grupo Sendys, Fernando Amaral, que fez carreira na consultoria, antes de se tornar empresário.
Começou a carreira na Prológica de onde seguiu para a Capgemini, onde trabalhou durante mais de 12 anos, liderando projetos na área financeira em Portugal, Angola e Moçambique. Com mais de 30 anos de carreira em software de gestão, criou em 2009 o Grupo Sendys que detém atualmente as empresas Sendys, Alidata, Labseal, Marca Criativa, Masterstrategy, Seal Angola, Seal Moçambique e Sorte. Diz em jeito de brincadeira que teve "uma formação on job, andei até aos 40 anos a treinar para ser empresário".
O percurso até aqui chegar foi sinuoso. Aos 23 perdeu o pai, a sua principal inspiração e a pessoa com quem diz ter aprendido tudo o que sabe sobre gerir equipas e negócios. Pouco tempo depois foi-lhe diagnosticado com um cancro pulmonar, aos 30 teve um enfarte e aos 50 trocou uma válvula no coração. “A vida deu-me uma régua para medir aquilo que verdadeiramente importa”, sublinha, acrescentando que “a maior parte das pessoas vive a pensar no que lhe falta realizar, para mim cada dia é um bónus e foco-me no que já realizei".
O presidente do Grupo Sendys garante que sempre lidou com as empresas onde trabalhou como se os negócios fossem seus. E garante que nunca fez nada como empregado que não fizesse como patrão. Tem da liderança uma visão de missão, reconhecendo que o paradigma mudou: “hoje não há patrões, há referências e temos de trabalhar para ser uma referência”.
Fernando Amaral acredita que “liderar é, muitas vezes, acertar o passo dos vários elementos da equipa e a velocidade de todos”. Porque, como reforça, “temos várias pessoas à nossa volta e há uns que vão ser multados por excesso de velocidade, outros que querem ir mais devagar e outros querem ir a pé”.
O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: