
Francisco foi o primeiro papa sul-americano e jesuíta da história. Morreu devido a um acidente vascular cerebral na manhã de segunda-feira, no final de um pontificado de 12 anos.
"A China apresenta as suas condolências pela morte do Papa Francisco", disse Guo Jiakun, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, em conferência de imprensa.
A Santa Sé e a China não mantêm relações diplomáticas oficiais, uma vez que o Vaticano é um dos cerca de dez países que reconhecem Taiwan.
No entanto, em 2018, o pontificado de Francisco assinou um acordo histórico com o Governo chinês sobre a complexa questão da nomeação de bispos católicos na China.
"Nos últimos anos, a China e o Vaticano mantiveram contactos construtivos e intercâmbios amigáveis", afirmou Guo Jiakun. "A China está disposta a fazer esforços conjuntos com o Vaticano para promover a melhoria contínua das relações", declarou.
Pequim e a Santa Sé divergiram durante décadas na nomeação dos bispos, com cada lado a reclamar para si esse direito. A China tem cerca de 12 milhões de católicos, mas as manifestações católicas no país são apenas permitidas no âmbito da Associação Patriótica Católica Chinesa, a igreja aprovada pelo Partido Comunista Chinês (PCC) e independente do Vaticano.
No entanto, muitos dos católicos chineses continuaram a celebrar a sua fé em igrejas clandestinas que se mantinham fiéis exclusivamente ao Vaticano.
O acordo teve como objetivo reunir os católicos divididos entre as igrejas oficial e clandestina. Segundo o acordo, o Governo chinês retém a autoridade de propor os nomes dos candidatos a bispos, mas é o Papa que tem a palavra final, podendo aprovar ou recusar a nomeação.
Num sinal de relações cada vez mais cordiais, a China e o Vaticano anunciaram em outubro passado que tinham renovado o acordo, desta vez por um período mais longo de quatro anos.
Desde então, o acordo tem sido aplicado de forma geral. No entanto, tem provocado críticas no seio da Igreja, sendo visto por alguns como uma concessão excessiva a Pequim.
A Constituição chinesa reconhece oficialmente a "liberdade de crença religiosa", ou seja, o direito de acreditar numa religião, mas não menciona a "liberdade religiosa", que tem um âmbito mais vasto.
O PCC desconfia de qualquer organização que possa ameaçar a sua autoridade e vigia de perto os locais de culto na China.
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