O chanceler alemão Olaf Scholz demitiu o ministro das Finanças, Christian Lindner, líder do FDP, o partido liberal que integra a coligação que forma o Governo, depois de este ter "quebrado" a sua confiança com "muita frequência". O chanceler irá apresentar uma moção de confiança a 15 de janeiro de 2025, o que poderá desencadear novas eleições no país em março. Até ao Natal, e com o fim da coligação "semáforo", o chanceler alemão quer levar a votação todas as leis que não podem ser adiadas.

O anúncio foi feito pelo porta-voz do governo, Steffen Hebestreit, depois de uma reunião na chancelaria em que os três partidos que formam a coligação "semáforo" - o Partido Social Democrata (SPD), os Verdes, e os Liberais - se sentaram para discutir a continuidade desta união.

Scholz adianta ainda que vai tentar "dialogar" com o líder da oposição, Friedrich Merz, da União Democrata-cristã (CDU), "muito rapidamente".

Aos jornalistas, Olaf Scholz acusou Lindner de ter como único interesse a política de clientelismo e a sobrevivência a curto prazo do seu próprio partido.

"Um tal egoísmo é incompreensível. Já não há confiança em trabalhar com Lidner (...) Não quero que o nosso país passe por este tipo de comportamento", sublinhando que "gostaria de ter poupado" o país a esta "decisão difícil", especialmente em tempos difíceis.

Depois da vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas, Christian Lidner sublinhou que uma viragem económica se tornou ainda mais urgente. O "Bild" revela que o até aqui ministro das Finanças estava disposto a adotar o orçamento suplementar para 2024 e a apoiar um governo de gestão até à entrada em funções de um novo executivo.

A coligação, que estava no poder há quase três anos, tem enfrentado dificuldades praticamente desde o início, já que muitas das posições que defendem os seus partidos são opostas. Enquanto o SPD e os Verdes apoiam uma forte atuação do estado, com a emissão de dívida para financiar políticas públicas, caso seja necessário, o FDP tem uma visão contrária.

As divergências, sobretudo nas políticas económica e orçamental, ficaram mais expostas há um ano, quando o Tribunal Federal Constitucional reprovou a decisão do executivo de realocar verbas destinadas a atenuar as consequências da pandemia de covid-19. Sem essas verbas, o executivo alemão ficou com um buraco de 60 mil milhões de euros no orçamento. A forma de o combater não gerou consensos.

Com Lusa

[Última atualização às 21:25]