Cerca de 40 países fizeram uma declaração conjunta a apelar a Israel para acabar com os ataques às forças da paz das Nações Unidas, no sul do Líbano. A carta enviada por países como Brasil, China, França, Hungria, Itália ou Espanha, surge depois de mais um capacete azul da ONU ter sido ferido.

O grupo de países, que não inclui Portugal, condena veementemente os sucessivos ataques de Israel.

Também os Estados unidos mostraram este domingo a posição que assumem perante tais ataques israelitas. Numa conversa telefónica entre o secretário da Defesa norte-americano e o homólogo israelita, Lloyd Austin manifestou profunda preocupação.

"Falei com o ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, no[sábado], e expressei a minha profunda preocupação com os relatos de que as forças israelitas dispararam contra capacetes azuis no Líbano, bem como com a morte de dois soldados libaneses", escreveu Lloyd Austin numa mensagem publicada na rede social X.

Na mesma mensagem, o secretário da Defesa disse ter sublinhado a importância de garantir a segurança dos elementos da UNIFIL e das forças armadas libanesas, instando o homólogo israelita a "passar das operações militares no Líbano para uma via diplomática o mais rapidamente possível".

“Também levantei a questão da terrível situação humanitária em Gaza e salientei que devem ser dados passos para resolver a questão. Reafirmei o compromisso inabalável, duradouro e firme dos Estados Unidos com a segurança de Israel.”

Na sequência dos ataques, a ONU pediu a Israel para não atacar portos e o aeroporto internacional do Líbano de forma a não impedir a entrada de alimentos.

Cinco capacetes azuis feridos

Dois capacetes azuis indonésios e dois cingaleses foram feridos nos ataques, que o Exército israelita diz terem sido acidentes em confrontos com o movimento xiita libanês Hezbollah, que está, segundo Israel, a usar as tropas da ONU como escudos humanos.

O porta-voz da UNIFIL alertou este domingo para a possibilidade de se registar, muito em breve, um "conflito regional com impacto catastrófico" para todos os países envolvidos.

A força de paz da ONU anunciou que um dos seus capacetes azuis foi atingido a tiro no quartel-general em Naqoura, no sul do Líbano, elevando para cinco o número de soldados feridos em incidentes ocorridos em três dias atribuídos a Israel.

Apesar dos incidentes, a UNIFIL recusou retirar-se do sul do Líbano, como solicitado pelo exército israelita.

As forças de manutenção da paz estão no Líbano de acordo com a resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que pôs fim à guerra de 2006 entre o Líbano e Israel.

Há três semanas que Israel realiza uma intensa campanha de bombardeamentos contra o sul e leste do Líbano, bem como contra Beirute, que causou a morte da maior parte das mais de 2.200 pessoas que perderam a vida no Líbano desde outubro de 2023.

Com Lusa