No entanto, Filippo Grandi alertou, durante uma visita a Damasco, que muitos poderão não permanecer no país, a menos que as condições de vida melhorem.
"Para tornar este regresso sustentável e tornar a vida melhor para todos os sírios, a economia precisa de regressar, os serviços têm que ser restaurados e restabelecidos, a segurança precisa de estar garantida e a habitação precisa de um programa de reconstrução", afirmou, citado pela agência de notícias Associated Press.
Para isso, Filippo Grandi apelou ao levantamento das sanções dos países ocidentais à Síria, muitas das quais tinham como alvo o governo de Assad e não foram levantadas desde que este caiu, em 08 de dezembro.
"As sanções são um obstáculo ao regresso dos refugiados", afirmou.
A guerra na Síria, que começou em 2011 com a repressão sangrenta aos protestos contra o regime, fez mais de meio milhão de mortos e milhões de deslocados e refugiados.
As novas autoridades de Damasco são dominadas pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), que em 08 de dezembro, na liderança de uma coligação de grupos armados rebeldes, expulsou o regime de Bashar-al Assad.
Na semana passada, o novo líder da Síria, Ahmed Hussein al-Charaa, afirmou esperar que 14 milhões de refugiados regressem ao país nos próximos dois anos.
A notícia do regresso de 200 mil refugiados chega depois do retorno, no final do ano passado de cerca de outros 300 mil, regressados do Líbano quando aquele país viveu um período de alta instabilidade devido ao conflito iniciado em outubro de 2023 entre Israel e o grupo xiita Hezbollah.
Os confrontos estão suspensos desde 27 de novembro por um cessar-fogo que expira no domingo.
Muitos outros sírios, forçados a abandonar o país durante os últimos 14 anos, estarão a pensar regressar em breve.
O Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) tem registados mais de 4,7 milhões de refugiados sírios, nos países vizinhos. O número mais elevado está na Turquia, quase 2,9 milhões, seguido pelo Líbano, com mais de 755 mil.
Além dos refugiados que voltaram ao país, segundo Filippo Grandi, cerca de 600 mil dos cerca de sete milhões de deslocados internos sírios regressaram a casa.
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