Na rede social X, a ministra francesa da Cultura, Rachida Dati, lamentou a morte do músico, que classificou de "monstro sagrado da canção francesa" e de "intérprete de imenso talento" que ficou mais conhecido pelas canções que compôs para Piaf.

"A minha mãe deu-me à luz, mas Edith Piaf trouxe-me ao mundo", disse o músico em entrevista à AFP em 2015, acrescentando: "Sem ela, nunca teria feito nada do que fiz, nem como compositor nem como cantor".

Apaixonado pelo jazz a partir do momento em que descobriu o trompetista norte-americano Louis Armstrong, estudou no Conservatório de Toulouse e mudou-se depois para Paris, onde, impossibilitado de tocar trompete por causa de uma operação malsucedida às amígdalas, se vira para a composição.

Com o letrista Michel Vaucaire assina "Non, Je Ne Regrette Rien" que insistem em apresentar a Piaf, algo que acontece em 1960, três anos antes da morte da cantora, após várias tentativas falhadas.

"Charles, tímido, põe-se ao piano. Apoia-se com força sobre o teclado. Cantarola 'Non, Je Ne Regrette Rien'. O que se segue é conhecido. Com o seu instinto infalível, Piaf sabe desde logo que descobriu o compositor que lhe vai permitir fazer o seu grande regresso ao palco", pode ler-se no obituário publicado pelo jornal Le Figaro, que ressalva que seria injusto reduzir a carreira de Dumont ao seu breve período com Piaf.

Charles Dumont continua, então, a trabalhar com Vaucaire, assina composições para vários músicos, para a televisão e para o cinema, como o filme "Sim, Sr. Hulot", de Jacques Tati.

Dumont edita o seu primeiro disco como intérprete em 1964, aceitando os conselhos de Piaf, como lembra a biografia patente na RFI, que assinala o trabalho com Sophie Makhno, a partir de 1967 que lhe dá uma "nova carreira, mais pessoal".

A sua última aparição em palco foi em 2019.

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