A proposta de candidatura da Serra da Estrela a Reserva da Biosfera da UNESCO entrou hoje em consulta pública nos seis municípios que integram o Parque Natural da Serra da Estrela (PNSE).

Para assinalar o momento, o projeto foi apresentado na Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço (BMEL), na Guarda, pela Comissão de Cogestão da área protegida e pela Associação Geopark Estrela.

"Ser Reserva da Biosfera da UNESCO é um elemento central e aglutinador do Plano de Cogestão do Parque Natural da Serra da Estrela, porque acreditamos que pode ser mais uma oportunidade para a valorização e a preservação deste património", disse Emanuel Castro, um dos coordenadores da candidatura, à agência Lusa.

O diretor executivo do Geopark Estrela -- classificação atribuída em 2020 -- destacou que esta área protegida possui um património "inigualável e tem relíquias da biodiversidade que são únicas no país e algumas até a nível mundial, que é preciso preservar através da investigação, educação e valorização".

Na sua opinião, esta candidatura pode ser também "um compromisso de integração do património natural e das populações, aproximando a área protegida das comunidades".

"Como todos sabemos, há muito tempo que há quase um confronto, um distanciamento, entre as pessoas que vivem aqui e o Parque Natural da Serra da Estrela", lembrou Emanuel Castro.

Uma outra intenção da candidatura é "criar, através do conhecimento científico, da educação e das atividades locais, novas sinergias e novas oportunidades de desenvolvimento sustentável".

O responsável, que coordena o processo juntamente com Helena Freitas, professora da Universidade de Coimbra, considerou que ser Geopark e Reserva da Biosfera da UNESCO são "portas que se abrem para o desenvolvimento sustentável" da Serra da Estrela.

Será também "o reconhecimento nacional, mas sobretudo internacional, deste território e do valor desta montanha, que é a montanha de Portugal", realçou.

"O objetivo é o de que estas designações de Geopark e Reserva da Biosfera, mais do que selos ou marcas internacionais, contribuam efetivamente para o desenvolvimento do território. Agora, é óbvio que isto não é uma mudança que ocorre de um dia para o outro, porque é uma mudança de paradigma de desenvolvimento", reconheceu.

Para o diretor executivo do Geopark Estrela, "o fundamental é colocar o conhecimento científico, a educação e a valorização da identidade ao serviço do desenvolvimento, porque o grande ativo deste território é o valor patrimonial" desta área protegida.

"Nunca como hoje se falou tanto da Serra da Estrela, que não seja por causa da neve ou dos incêndios. Há uma Serra da Estrela antes e depois da classificação como Geoparque da UNESCO e a reserva da Biosfera vai ser um complemento a essa estratégia", garantiu.

Emanuel Castro disse esperar que a candidatura seja entregue em junho e que a decisão da UNESCO venha a ser conhecida no verão de 2026.

"Se tudo correr bem, em 2026, quando o Parque Natural da Serra da Estrela completar 50 anos, seremos Reserva Biosfera da UNESCO", concluiu.

A candidatura é uma das medidas do Plano de Cogestão do PNSE, aprovado em novembro de 2024, e vai incluir os seis municípios que integram esta área protegida: Celorico da Beira, Covilhã, Gouveia, Guarda, Manteigas e Seia.

A futura Estrela Reserva da Biosfera da UNESCO - como vai designar-se - tem uma área de 2.373 quilómetros quadrados e uma população de aproximadamente 130 mil habitantes.

Dividida em três áreas de zonamento (Núcleo, Tampão e Transição), a Reserva será "um garante da conservação dos maiores valores naturais, já protegidos pelo Plano de Ordenamento do PNSE, mas também da promoção dos valores culturais e das dinâmicas socioeconómicas que garantam o desenvolvimento deste território, que se quer vivo e próspero".