
A decisão foi anunciada pelo ministro das Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, em declarações a jornalistas.
"É um fórum de discussão de estratégias dos países produtores e o Brasil não deve se envergonhar de ser produtor de petróleo", disse o ministro brasileiro.
Silveira anunciou que o país sul-americano iniciará também formalmente o processo de adesão à Agência Internacional de Energia Renovável (Irena), cujo diretor-geral, Francesco La Camera, esteve no país na semana passada.
A OPEP+ é um braço alargado da OPEP e os seus membros participam de discussões políticas gerais, mas não têm poder de voto em questões estratégicas, como definir níveis de produção para controlar os preços internacionais.
O Brasil consolidou-se como um dos maiores produtores de petróleo do mundo nas últimas duas décadas, principalmente após a descoberta de enormes campos de petróleo nas águas profundas do Oceano Atlântico.
O anúncio da entrada como membro da OPEP+ choca com a política defendida pelo Brasil, como anfitrião da próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), na cidade amazónica de Belém, no Pará, e gerou críticas de ambientalistas.
A representação no Brasil do Fundo Mundial para a Natureza (World Wide Fund for Nature ou WW-F em inglês) divulgou um comunicado afirmando que a decisão do Brasil de entrar para a OPEP+ é "extremamente preocupante na medida em que reforça os diversos sinais dados nos últimos meses de que o governo aposta em um modelo obsoleto de desenvolvimento, baseado na queima de combustíveis fósseis".
"O facto é que poucos países no mundo estão tão bem posicionados para a transição para energias renováveis. Com a decisão de "explorar petróleo até a última gota", como declarado pelo ministro no ano passado, o país abre mão de ser um líder da nova economia descarbonizada que o colapso climático exige de todas as nações", acrescentou a organização.
Camila Jardim, especialista em política internacional do Greenpeace Brasil disse que o país está a enviar "um sinal errado para o resto do mundo e isso prejudica a todos".
"Em ano de COP30, no Brasil, no marco dos 10 anos do Acordo de Paris, em meio a mais uma onda brutal de calor e recordes sucessivos nas altas de temperatura no último ano, o Brasil vai na contramão a buscar integrar um grupo que funciona como um cartel do petróleo", acrescentou a especialista doGreenpeace de acordo com os 'media' locais.
Já a coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, considerou que o ministro brasileiro "colocou mais um prego no caixão da transição energética brasileira" ao anunciar a adesão à Opep+.
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