Um importante conselheiro de Benjamin Netanyahu foi interrogado pela polícia no contexto de uma investigação a possíveis alterações feitas aos registos oficiais de chamadas telefónicas envolvendo o primeiro-ministro israelita na manhã dos ataques de 7 de outubro. Trata-se, em teoria, da alteração da hora de uma chamada realizada às 6h40 para as 6h29.

O chefe do Estado-Maior de Netanyahu, Tzachi Braverman, é suspeito, de acordo com o jornal “The Guardian”, de alterar o horário de uma conversa que o primeiro-ministro manteve com uma alta patente militar nos primeiros minutos do ataque, de forma a proteger o primeiro-ministro.

O gabinete de Netanyahu nega a acusação, alegando tratar-se de “outra invenção completa que também faz parte de uma caça às bruxas sem precedentes pelos media contra o gabinete do primeiro-ministro durante a guerra, destinada a encobrir as graves falhas de outros na noite de 7 de outubro”. Também Tzachi Braverman define as suspeitas como “calúnias graves”.

Benjamin Netanyahu rejeitou até agora os apelos para que Israel abra um inquérito para apurar de que forma se deram as sucessivas falhas que fizeram com que os israelitas fossem apanhados de surpresa pelo ataque de outubro do ano passado. Nesse ataque, terroristas do Hamas mataram 1200 pessoas, a maioria civis, e raptaram mais 250, desencadeando a ofensiva israelita no território.

O primeiro-ministro israelita atribuiu as falhas aos serviços militares e de segurança de Israel, mas recaem sobre o seu gabinete suspeitas de algumas deturpações para desviar Netanyahu do centro das críticas.

Outro assessor do governante, Eli Feldstein, foi libertado após o interrogatório, que se centrou na suspeita de fornecimento de informações de documentos confidenciais a meios de comunicação social britânicos e alemães. A informação destinar-se-ia, conforme é alegado, a reforçar a posição de Netanyahu nas negociações para um cessar-fogo em Gaza e desviar as críticas internas sobre o seu fracasso em concluir um acordo para libertar os restantes reféns.

Teerão diz apoiar qualquer decisão tomada pelo Líbano nas negociações para garantir um cessar-fogo com Israel. Um alto funcionário iraniano revelou, nesta sexta-feira, de acordo com a agência Reuters, que o Irão quer ver o fim de um conflito que desferiu duros golpes no seu aliado libanês, o Hezbollah.

Pelo quarto dia consecutivo, Israel lançou ataques aéreos nos subúrbios a sul de Beirute, controlados pelo Hezbollah. Ao mesmo tempo que a diplomacia liderada pelos Estados Unidos deu sinais de avanço, Israel intensificou o bombardeamento do Líbano esta semana. Duas fontes próximas das principais figuras políticas libanesas disseram à Reuters que o embaixador dos EUA no Líbano apresentou um projeto de proposta de cessar-fogo ao presidente do Parlamento libanês, Nabih Berri.

Berri, que é apoiado pelo Hezbollah no processo de negociações, reuniu-se com o alto funcionário iraniano Ali Larijani na sexta-feira. Questionado numa conferência de imprensa se se tinha deslocado a Beirute para minar o plano de cessar-fogo dos EUA, Larijani disse: “Não pretendemos sabotar nada. Procuramos uma solução para os problemas. Apoiamos em todas as circunstâncias o Governo libanês. Aqueles que estão a perturbar são Netanyahu e o seu povo.”

Outras notícias em destaque:

⇒ Um ataque israelita atingiu o bairro nobre de Mazzé, em Damasco, o segundo ataque deste tipo em dois dias, segundo a agência oficial síria Sana e Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). "Uma agressão israelita atingiu Mazzé", noticiou a Sana, referindo-se ao bairro da capital síria que alberga embaixadas, instituições de segurança e a sede da ONU. O OSDH afirmou que o ataque visava um complexo residencial reservado ao pessoal militar. No dia anterior, 13 pessoas, incluindo sete civis, foram mortas em ataques semelhantes que destruíram três edifícios no mesmo bairro, afirmou o OSDH, que dispõe de uma vasta rede de fontes na Síria.

⇒ Pelo menos 59 pessoas morreram nas últimas 24 horas em mais de cem ataques israelitas no Líbano, quase metade das quais na região de Baalbek, informaram hoje fontes oficiais. Segundo o Ministério da Saúde Pública libanês, além dos 59 mortos, 182 pessoas ficaram feridas na quinta-feira, elevando o número total desde o início da guerra entre Israel e o movimento xiita libanês Hezbollah, a 8 de outubro de 2023, para 3445 mortos (223 dos quais crianças e 666, mulheres) e 14.599 feridos.

⇒ As brigadas Ezzeldin al-Qassam - braço armado do Hamas - garantiram que os seus milicianos mataram três soldados do Exército israelita nas proximidades de Beit Lahia, no norte de Gaza. "Os nossos 'mujahideen' conseguiram matar três soldados sionistas a uma distância zero nas imediações da rotunda de Abas Kilani, a norte da cidade de Beit Lahia", informou a organização citada pelo jornal Filastín, 'media' com ligações ao grupo extremista palestiniano Hamas.