A arma branca que alegadamente pertencia a Odair Moniz foi apreendida pelas autoridades e consta do processo, disse esta quarta-feira fonte judicial. O agente da PSP, que está de baixa médica, foi interrogado pelo Ministério Público (MP) no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, no Campus da Justiça.
No final do interrogatório, o advogado do polícia, Ricardo Serrano Vieira, disse aos jornalistas que havia uma arma branca no local do crime, escusando-se a avançar com mais pormenores.
“Eu posso dizer, não violando o segredo de justiça e o segredo profissional é que efetivamente há uma arma branca no local. Não posso dar mais nenhuma informação”, disse aos jornalistas Ricardo Serrano Vieira, advogado do agente da PSP.
O polícia, de 27 anos, foi esta quarta-feira chamado a prestar declarações no Ministério Público, mas optou por manter-se em silêncio perante a procuradora. O agente já tinha falado com os inspetores da Polícia Judiciária que investigam o caso, horas após a morte de Odair Moniz.
Ricardo Serrano Vieira teve acesso a essas declarações, mas o resto do processo continua sob segredo de justiça. Por isso, o advogado admite que o polícia, que está neste momento indiciado por homicídio simples, possa vir a falar à investigação, mais à frente, quando tiver conhecimento de todas as peças que a compõem.
“Estamos na fase de recolher depoimentos de testemunhas, relatórios periciais, e no final, se for necessário, virmos cá para algum interrogatório suplementar, o arguido também pode recorrer ao interrogatório suplementar, quando tiver acesso ao processo que ainda não teve”, explica Ricardo Serrano Vieira
A investigação procura esclarecer vários pontos. O agente da PSP alegou que disparou para se defender de Odair Moniz, mas não é claro que o homem de 43 anos empunhava uma faca no momento em que foi confrontado pelos policiais, depois de uma perseguição que terminou no bairro da Cova da Moura, na madrugada de 21 de outubro.
A polícia judiciária recolheu imagens de videovigilância de uma câmara colocada ao fundo da rua onde Odair Moniz morreu, e que estão a ser consideradas relevantes para compreender o que se passou.
O agente que disparou está de baixa, e ao regressar ao trabalho já está decidido que tem de se apresentar noutra esquadra. O colega que o acompanhava na patrulha mantém-se ao serviço, mas também foi colocado noutro local.
Além do processo judicial, estão a decorrer na IGAI e na PSP processos de âmbito disciplinar. O inquérito foi ordenado pela ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, que determinou que fosse feito "com caráter de urgente".
Odair Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de 21 de outubro, no bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, distrito de Lisboa, e morreu pouco depois, no Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa.
De acordo com a versão oficial da PSP, o homem pôs-se "em fuga" de carro depois de ver uma viatura policial e despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes, "terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma branca".
Com Lusa
[Notícia atualizada às 20:41]