A cerimónia oficial de inauguração da requalificação da EB 2,3 de São Torcato realizou-se na manhã desta quarta-feira, 23 de abril, com a presença de Domingos Bragança, presidente da Câmara Municipal, do secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, Hélder Reis, do secretário de Estado Adjunto e da Educação, Alexandre Homem Cristo, e do presidente da CCDR-N, António M. Cunha, entre outros convidados.

A Vila de São Torcato, e todo o seu vale, viveu uma manhã de festa e emoção partilhada, sobretudo por toda a comunidade escolar, com a realização da cerimónia que inaugurou oficialmente aquela que será uma “nova vida” da Escola Básica do Vale de S. Torcato, a maior das escolas que compõe o Agrupamento de Escolas dessa zona do território concelhio. Tratou-se da inauguração da reabilitação de uma escola que alberga mais de 300 alunos e cuja obram que durou cerca de 2 anos, custou 5,7 milhões de euros.

 

Foi, pois, com naturalidade, que o ato se tivesse revestido de um grande simbolismo para todos os torcatenses, em especial para os que mais diretamente são servidos pelo equipamento e pelos que estão ao seu serviço. Em suma, para toda a comunidade escolar, desde alunos, professores, auxiliares e corpo diretivo. Mas também para políticos e técnicos que se empenharam para que, após muitas reuniões e discussão acerca do projeto de requalificação, executado pela Workbook, liderada pelo arquiteto Filipe Vilas-Boas, e levada à prática pela construtora NVE.

Antes das intervenções protocolares, o diretor do Agrupamento de Escolas do Vale de S. Torcato, José Alberto Freitas, conduziu a visita por todas as instalações da agora requalificada escola, que foi pontuada por diversos números artísticos e didascálicos, onde não faltou uma miniaula sobre plásticos e os seus efeitos nefastos para o ambiente, atuações musicais e declamações da poesia de Luís Vaz de Camões, enquadrada nas comemorações do 500ª aniversário do seu nascimento. Todos estes momentos foram protagonizados por alunos da EB 2,3 de S. Torcato, coordenados pelo seu corpo docente.

Domingos Bragança, presidente de Câmara Municipal, na sua intervenção, começou por agradecer a todos os que acreditaram que seria possível a realização da obra, mas também a todos quantos não tinham tanta esperança, mas não deixaram de contribuir, como as suas críticas e opiniões, para o excelente resultado agora alcançado. Um agradecimento que foi extensivo a todas as equipas intervenientes na obra, desde projetistas, construtores, técnicos e vereadores da autarquia envolvidos mais diretamente. “Esta é agora uma nova escola, que soube preservar a sua memória, sem deixar de ser requalificada com base nas novas técnicas construtivas que privilegiam a segurança, o conforto e a eficiência energética”, disse. O edil considera a EB 2,3 de S. Torcato uma “escola-modelo” que se equipara ao melhor do que se faz no país, o que o levou a afirmar que “podemos estar todos orgulhosos”.

O presidente da Câmara Municipal fez questão de lembrar que tinha rejeitado o primeiro projeto que lhe tinha sido apresentado, uma vez que pretendia uma requalificação que tivesse um impacto mais profundo nas condições de conforto e na prioridade para o tempo de recreio dos seus alunos. Este foi um dos motivos para uma alteração ao projeto que permitisse cobrir parte da zona exterior de recreio, que permite agora que os alunos possam desfrutar dos seus tempos de descanso, mesmo com condições atmosféricas adversas. “O projeto inicial ficar-nos-ia por cerca de 700 mil euros, mas Guimarães pauta-se por uma grande exigência no que diz respeito à Educação, sendo este um dos pilares do seu desenvolvimento, pelo que optámos por reformular o projeto de forma bem mais ambiciosa. Foi um tempo de sacrifício para todos os torcatenses, e para toda a comunidade escolar, mas valeu a pena”, referiu. Domingos Bragança fez ainda saber que a obra foi iniciada com verbas municipais, vindo, posteriormente, a ser financiada pelo PRR a 100%, após uma aprovação inicial aos fundos europeus do PT2030. “Além da dimensão física, desta escola, que verá brevemente o seu pavilhão ser reabilitado, o senhor diretor deu-nos a conhecer uma escola moderna, contemporânea, e alinhada com as questões do nosso tempo, como a Cultura e as preocupações de sustentabilidade ambiental”, concluiu.

As intervenções do secretário de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, Hélder Reis, e do secretário de Estado Adjunto e da Educação, Alexandre Homem Cristo, focaram-se no trabalho que tem vindo a ser feito ao nível da execução do PRR por parte do Governo, sem esquecer o trabalho dos anteriores governantes, e na qualidade da reabilitação e nas dinâmicas que a escola apresenta. Hélder Reis falou num espaço que o deixou “surpreendido pela positiva” e Alexandre Homem Cristo na “experiência feliz” de que pôde usufruir. Hélder Reis disse que o Governo espera mais mil milhões de euros provenientes do Banco Europeu de Investimento para continuar a dar resposta ao défice na recuperação e construção de equipamentos de ensino, que deverão chegar até ao final do mês em curso. Alexandre Homem Cristo realçou o compromisso de todos para que a obra fosse possível: governos Câmara Municipal, autarquia, comunidade escolar e todos os torcatenses.

Alberto Martins, presidente da Junta de Freguesia de São Torcato, destacou a importância da requalificação que qualificou como “projeto-âncora” para todo o território do Vale de S. Torcato, agradecendo a Domingos Bragança todo o seu emprenho, extensível a Adelina Pinto, vereadora da Educação, e ao Agrupamento de Escolas pela resiliência demonstrada nos sucessivos anos de relocalização dos seus alunos por outros estabelecimentos de ensino. Por fim, deixou uma nota de emoção muito pessoal, enquanto ex-aluno da escola, falando em “enorme orgulho na preservação do Mural da Escola”.

José Alberto Freitas, diretor do Agrupamento de Escolas do Vale de S. Torcato, referiu serem aos alunos a principal razão para o momento vivido, enfatizando, mais do que o equipamento, as relações humanas e a empatia que se criam em contexto escolar. Agradecendo a Domingos Bragança pela promessa cumprida, ao presidente da Junta de Freguesia, à Associação de Pais e de Encarregados de Educação, e a toda a sua equipa, expressou a sua enorme felicidade e a convicção de que a EB 2,3 de S. Torcato está ao nível das melhores escolas.

As questões mais técnicas da obra foram explicadas por Joaquim Carvalho, diretor municipal de Intervenção no Território, Ambiente e Ação Climática, que começou por dar conta da degradação de um edifício que data dos anos 80, já com poucas condições para o exercício das suas funções. Referiu ainda que a obra teve como objetivo requalificar a escola com base nos requisitos mais exigentes de eficiência energética (cumprido a norma NZEB+20, que se refere a edifícios com necessidades quase nulas de energia e que apresentam uma melhoria adicional de 20% no desempenho energético) e de proteção antissísmica. Valorizou ainda o arranjo do espaço exterior e a cobertura da zona de recreio e o aquecimento das águas através de caldeiras a biomassa, bem como a utilização de painéis solares para produção energética. Descarbonização e conforto estiveram na base da obra que custou cerca de 5,7 milhões de euros, a que serão acrescentados mais cerca de 2,5 milhões de euros para a reabilitação do Pavilhão Gimnodesportivo, que se seguirá.