Afinal, o processo da venda do Hospital da Cruz Vermelha, que fazia parte do plano de reestruturação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e que estava em marcha já com a provedoria anterior, caiu por terra. Segundo o despacho publicado esta manhã em Diário da República, assinado pela ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Rosário Palma Ramalho, nenhuma das propostas foi considerada satisfatória.

O Hospital é detido em 54,79% pela Santa Casa e em 45% pelo Estado português, através da Parpública. A sua venda estava em marcha desde novembro de 2022 e estimava-se que estivesse concluído no terceiro trimestre de 2024. Só que, de acordo com o documento, as duas partes sublinham a “ausência de condições necessárias, em termos de salvaguarda do interesse patrimonial das acionistas, para prosseguir o processo de venda”.

E, assim sendo, determinam “o encerramento do processo de alienação conjunta das participações (...), sem adjudicação da venda a nenhum dos proponentes”.

A venda do Hospital da Cruz Vermelha estava a ser avaliada ainda pela antiga provedora, Ana Jorge, em conjunto com a Parpública. Na altura, ainda em funções, admitiu ao Expresso ter cerca de uma dezena de propostas para a alienação desta unidade. Nesta reta final, seriam três os candidatos à compra: a Sanfil Medicina, a Trofa Saúde e o Hospital Lusíadas.

No final de 2023, data do último relatório e contas disponível, o Hospital teve uma injeção de capital de 11,2 milhões de euros, o que lhe permitiu terminar esse ano com capitais próprios positivos de 8,5 milhões de euros.

Desde que a SCML entrou na sociedade gestora do hospital, foram injetados mais de €27 milhões na participada (em suprimentos convertidos em capital próprio), dos quais €14,6 milhões pela Santa Casa e €12,5 milhões pela Parpública. Em marcha estará também o objetivo de vender a participação de 3% na CUF Belém.

No final de dezembro, o Jornal Económico revelou que a venda do Hospital da Cruz Vermelha estava na fase final de apresentação de ofertas, mas que nenhum dos candidatos à compra, a Sanfil Medicina, a Trofa Saúde e o Hospital Lusíadas, estavam dispostos a aceitar as condições da venda impostas pelo Estado.

A Comissão Parlamentar de Inquérito à gestão da Santa Casa estava prevista começar no passado dia 18 de setembro, mas os trabalhos foram suspensos devido à discussão em torno do Orçamento do Estado. Deverá ser retomada ainda em janeiro e será presidida pelo socialista Tiago Barbosa Ribeiro.