O primeiro-ministro, Luís Montenegro, afirmou este domingo, em declarações à RTP, que o cenário de recondução de Mário Centeno como governador do Banco de Portugal está em cima da mesa. Centeno, recorde-se, terminou este fim-de-semana o seu mandato à frente do banco central.

“A decisão do Governo pode ser manter o atual governador ou substituí-lo. É a decisão que iremos anunciar na próxima quinta-feira”, comentou Montenegro.

“Para que não haja nenhuma dúvida, o doutor Mário Centeno reúne todos os requisitos para ser governador do Banco de Portugal, isso não está em causa”, afirmou o primeiro-ministro à RTP, pouco depois de anunciar, na Madeira, que a decisão do Governo seria anunciada na quinta-feira.

O atual governador já se mostrou disponível para fazer um novo mandato à frente do Banco de Portugal. Nos últimos meses o Governo de Montenegro tem procurado encontrar um novo nome para a liderança da instituição, sem sucesso.

Entre as personalidades que o Executivo equacionou estiveram o antigo ministro das Finanças Vítor Gaspar e o economista e professor universitário Ricardo Reis. Contudo, o facto de até agora o Governo não ter conseguido aprovar um sucessor implicará que Mário Centeno permaneça pelo menos mais alguns meses à frente do Banco de Portugal.

Centeno não tinha recebido até quinta-feira qualquer indicação do Governo sobre se e quando iria sair do Banco de Portugal. Isto implicará que o governador ainda participará na reunião da próxima quinta-feira do Banco Central Europeu (BCE). E poderá ter de aguardar por setembro, com o reatar dos trabalhos parlamentares, para definir o seu futuro (se houver um novo nome para o Banco de Portugal terá de ser ouvido na Assembleia da República).

Este domingo o presidente do Chega, André Ventura, defendeu na rede social X que “Mário Centeno não deve ser reconduzido no Banco de Portugal”.

“Estamos fartos de boys socialistas a colonizar o aparelho de Estado e as instituições supostamente independentes. Apelo ao primeiro-ministro que não o reconduza, chega de tachos e de incompetência”, declarou André Ventura.

Já em outubro de 2024, numa entrevista à SIC, Luís Montenegro havia afirmado que só decidiria sobre uma eventual recondução de Centeno “no final do mandato”, perto de julho de 2025. “Ninguém toma uma posição dessas a meio ano de distância”, disse então o primeiro-ministro.

Contudo, a relação entre Montenegro e Centeno está longe de ser pacífica. O Banco de Portugal tem assumido previsões mais pessimistas para a economia e as contas públicas do que o Governo.

“São previsões. Em qualquer caso, elas aparecem um bocadinho em contramão, visto que não há mais nenhuma entidade que acompanhe o pessimismo que o senhor governador do Banco de Portugal, expressou do ponto de vista do da performance orçamental para o próximo ano”, afirmou Luís Montenegro em dezembro de 2024.