O Hospital da Cruz Vermelha, detido pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (54,79%) e pelo Estado português, através da Parpública (45%), vai ter uma nova equipa de gestão, depois de a venda ter caído por terra no mês passado por falta de propostas satisfatórias. Pedro de Albuquerque Mateus, ex-líder da Malo Clinic, passa a ser o presidente executivo (CEO). Luís Filipe Pereira, ex-ministro da saúde nos Governos de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes, assume a liderança do conselho de administração.

Eis a nova equipa:

  • Presidente do conselho de administração: Luís Filipe Pereira substitui Adalberto Campos Fernandes. Economista, foi ministro da Saúde, Secretário de Estado da Energia, Secretário de Estado da Segurança Social e Presidente do CES-Conselho Económico e Social. Desempenhou funções de presidente, vice-presidente ou CEO em empresas como EDP, CUF-Química, ADP Adubos de Portugal, Quimigal Adubos e Efacec.
  • Vice-presidente do conselho de administração: Maria do Carmo Neves, foi considerada pela Forbes Portugal a 38.ª pessoa mais rica do país. Fundou a Tecnimede, é vogal da Cruz Vermelha Portuguesa e presidente da Apogen – Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares e vicepresidente do iBET - Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica.
  • Presidente executivo (CEO): Pedro de Albuquerque Mateus substitui Carlos Manuel Ferreira de Sá. Gestor ligado ao sector privado da saúde: foi CEO do Hospital Lusíadas Lisboa e, mais recentemente, liderou o grupo Malo Clinic. Assumiu o cargo desta empresa em 2020, depois de ter entrado em Processo Especial de Revitalização (PER). De uma dívida judicialmente reconhecida de 70,8 milhões de euros, a rede de clínicas teve apenas de pagar 27 milhões ao longo de dez anos. O resto foram perdões de dívida.
  • Administradora financeira (CFO): Elisabeth Silva de Albuquerque, com carreira feita na consultora Deloitte, foi diretora financeira do SNS24 e nos últimos seis anos foi administradora financeira do Hospital da Ordem Terceira do Chiado.
  • Administradora operacional (COO): Maria Ana Castello Branco, conta com passagens pela consultora Accenture e pela CUF e nos últimos anos foi diretora da PharmaLex e da ProductLife Group, no sector farmacêutico e de saúde.

A venda da unidade hospitalar estava a ser conversada desde o final de 2022 e havia a expectativa de ficar concluída no final de 2024. Mas um despacho em Diário da República, publicado em janeiro, anunciava a anulação da operação.

Um dos interessados na operação seria o grupo Lusíadas. Mas, questionada pelo Expresso sobre a operação, a empresa de saúde optou por não comentar.

A intenção de vender o Hospital da Cruz Vermelha estava a ser avaliada ainda pela antiga provedora, Ana Jorge, em conjunto com a Parpública. Na altura, ainda em funções, admitiu ao Expresso ter cerca de uma dezena de propostas para a alienação desta unidade. Nesta reta final, seriam três os candidatos à compra: a Sanfil Medicina, a Trofa Saúde e o Hospital Lusíadas.

No final de 2023, ano do último relatório e contas disponível, o Hospital teve uma injeção de capital de 11,2 milhões de euros, o que lhe permitiu terminar esse ano com capitais próprios positivos de 8,5 milhões de euros. Os números de 2024 ainda não foram divulgados.

Desde que a SCML entrou na sociedade gestora do hospital, foram injetados mais de €27 milhões na participada (em suprimentos convertidos em capital próprio), dos quais €14,6 milhões pela Santa Casa e €12,5 milhões pela Parpública.