Draxler, Bernat, Radonjic, Valentino Lázaro, Gonçalo Guedes, Jean Clair Todibo ou até mesmo Sébastien Corchia. Ainda te lembras de todos? São apenas alguns dos nomes que fazem parte da lista de jogadores que chegaram emprestados ao Benfica nas últimas temporadas. Alguns há mais tempo, outros nem tanto, o que é certo é que todos eles representam casos de insucesso relativamente ao rendimento esperado aquando da sua contratação.
Agora, na época 2024-2025, Renato Sanches e Issa Kaboré apresentam-se como fortes candidatos a juntarem-se à lista que se vai tornando mais extensa com o passar do tempo. Mas por quê? Por que é que continuam a existir casos de empréstimos mal sucedidos ano após ano no Benfica?
A explicação não é assim tão complexa. A verdade é que na construção de um plantel, os encarnados definem sempre posições a reforçar e alvos a apontar para o preenchimento das mesmas posições. Ainda assim, no que diz respeito aos empréstimos, a política de contratação do Benfica tem-se mostrado algo diferente. Os jogadores que chegam cedidos por terceiros não são de todo jogadores vistos como potenciais titulares, à exceção de um ou outro caso como Gonçalo Guedes e Renato Sanches na melhor das hipóteses. Além disso, são negócios que surgem já em fases adiantadas do mercado e que são intitulados de “oportunidades” que posteriormente se revelam pouco úteis.
Os jogadores que chegam cedidos ao Benfica parecem ser vistos como jogadores para completar o plantel, quase como se servissem apenas para fazer número. Não são a primeira opção, muitas vezes nem a segunda.
O que está em causa em certos casos não é a qualidade dos jogadores porque olhando para exemplos como Gonçalo Guedes, Renato Sanches, Draxler ou Bernat, percebemos que o problema central não é esse.
Nestes casos em específico o problema relaciona-se mesmo com a condição física dos atletas. São atletas de um nível elevado e que, pertencentes a grandes clubes, são vistos como excedentários e negociáveis devido à má condição física que carregam durante longos períodos de tempo. Jogadores que, no seu melhor nível, não seriam emprestados porque seriam fulcrais no plantel dos seus respectivos clubes detentores do passe.
Por um lado, a contratação destes atletas por parte do Benfica não representa um grande esforço financeiro porque o Benfica não paga a maioria do salário, ou até mesmo qualquer percentagem do mesmo. Além disso, caso milagrosamente os jogadores conseguissem manter-se em forma durante algum tempo, o Benfica iria beneficiar diretamente do seu rendimento desportivo. No entanto, por outro lado, e este é aquele que se mostra ser mais regular, é desagradável para um clube que os próprios jogadores estejam constantemente na mesma situação, seja em que clube for, isto é, lesionados.
Ou seja, a contratação acaba por ficar sem efeito porque os atletas praticamente não jogam, o que é incómodo para ambas as partes, e torna o Benfica num departamento médico dos clubes detentores do passe. É um constante tiro no escuro que teima em não brilhar.
Depois, além destes casos, surgem outros exemplos que não são propriamente jogadores que carregam um histórico negativo de lesões, mas sim que, na melhor das hipóteses, chegam para serem alternativas a uma posição.
Por outras palavras, atletas que não seriam contratados para servirem como titulares, mas sim para completar o plantel, como é o caso de Kaboré, Radonjic e Valentino Lázaro. Empréstimos que não incluem normalmente uma cláusula de opção de compra, pois são vistos apenas como recursos temporários.
Aqui é que se encontra o maior erro. Isto porque se nos casos anteriores a forma saudável dos atletas representaria um expectável rendimento desportivo positivo, nestes cenários a contratação dos mesmos seria muito bem substituída pela subida de jovens da formação à equipa principal.
Para contratar atletas que não são necessariamente vistos como potenciais titulares, e utilizá-los apenas em certas ocasiões, seria mais benéfico para o clube colocar jovens da formação nesse papel. Seria um cenário positivo para as águias na maioria das situações.
Um exemplo disso é o caso de Kaboré neste momento. Um lateral contratado ao Manchester City por empréstimo, sem cláusula de opção de compra, para ser a alternativa a Alexander Bah. No entanto, a fraca correspondência desportiva de Kaboré vai forçando Bruno Lage a testar Leandro Santos, que acabou mesmo por se estrear no jogo frente ao Estrela da Amadora. Um procedimento que não seria tão surpreendente ou até “forçado” caso existisse um planeamento mais claro neste tipo de contratações.
Face aos casos que se vão acumulando, vai surgindo cada vez mais a necessidade de estudar melhor a estratégia de contratação de atletas por empréstimo. Ou é contratado alguém com verdadeiro potencial de competir pelo lugar, e garantir mais seguranças na posição, ou se completa o plantel com jovens da formação, que somam inegáveis competências no que diz respeito ao nível a demonstrar.
Caso se verifique algum tipo de mudança nesse aspeto, certamente a mesma vai contribuir para que a lista de empréstimos mal sucedidos no Benfica não continue a aumentar.