Em resposta por escrito a questões colocadas pela Lusa, a TAP confirma que "os voos entre Lisboa e Maputo passam a fazer uma escala técnica em Joanesburgo, para reabastecimento e troca da tripulação".
Assim, exemplificou a mesma fonte, as tripulações que fazem o voo de Lisboa para Maputo, ficam em Joanesburgo, o avião reabastece naquela cidade da África do Sul, e continua depois para Maputo mas com uma nova tripulação, a do voo anterior, que já tinha feito o período de descanso naquela cidade e que fará o voo de regresso para Lisboa nesse dia, sem sair do aeroporto em Moçambique.
Questionada pela Lusa sobre se estas alterações seriam temporárias ou eram para continuar, face à possibilidade de novos protestos a partir de dia 23 quando se prevê que o Conselho Constitucional anuncie os resultados oficiais das eleições gerais de 09 de outubro, a mesma fonte limitou-se a afirmar que "a operação vai manter-se nestes moldes até novas informações".
O jornal Observador citou na quinta-feira uma comunicação interna da TAP, assinada pelo diretor de operações dos voos da empresa, Mário Bento, em que se refere que a companhia aérea tem "acompanhado de perto a evolução da situação em Moçambique, com especial foco nos acontecimentos na cidade de Maputo, tendo por base informações confidenciais, fontes abertas, canais diplomáticos e contactos locais".
O responsável recorda na mesma nota o que se passou após 27 de novembro, quando a empresa decidiu "repatriar para Lisboa todos os tripulantes presentes em Maputo e suspender temporariamente as operações para esse destino". A transportadora aérea portuguesa "implementou então medidas para garantir a segurança dos tripulantes", que muitas vezes não se conseguiam deslocar dos hotéis para o aeroporto face às barricadas erguidas pelos manifestantes.
Face à "aproximação da data de proclamação dos resultados eleitorais pelo Conselho Constitucional de Moçambique e a possibilidade de intensificação dos protestos, a TAP, correspondendo às preocupações expressas pelas associações e sindicatos do Pessoal Navegante, acordou, como medida provisória, alterar o alojamento das tripulações", justifica o diretor de operações de voos.
O Conselho Constitucional de Moçambique deverá proclamar até segunda-feira, 23 de dezembro, os resultados das eleições gerais, que incluíram presidenciais, legislativas e provinciais.
Os resultados anunciados em 24 de outubro deste ano pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) deram a vitória, com 70,67% dos votos, a Daniel Chapo, apoiado pela Frelimo, mas precisam ainda de ser validados pelo Conselho Constitucional, última instância de recurso em contenciosos eleitorais.
O candidato Venâncio Mondlane, um dos quatro que concorreu à eleição presidencial, segundo a CNE, ficou em segundo lugar, com pouco mais de 20% dos votos, e desde então tem convocado em todo o país paralisações e manifestações, que culminam em violência e confrontos com a polícia.
Pelo menos 130 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de outubro, segundo balanço feito anteriormente pela Plataforma Eleitoral Decide, que monitoriza os processos eleitorais em Moçambique, que aponta ainda 385 pessoas baleadas.
De acordo com o balanço daquela Organização Não-Governamental, com dados até 15 de dezembro, há registo de 3.636 detidos, cinco pessoas desaparecidas e mais de 2.000 feridos nestas manifestações.
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