O novo primeiro-ministro de França, François Bayrou, 73 anos, é um defensor de longa data da política centrista francesa e é reconhecido por ser um dos primeiros apoiantes do Presidente Emmanuel Macron, que anunciou, esta sexta-feira, a sua nomeação.

Filólogo de formação, este filho de agricultores que gosta de se apresentar como "um homem do campo", ingressou na política aos 25 anos como conselheiro do departamento dos Pirenéus-Atlânticos, onde se localiza Pau, a sua terra natal.

Na sua juventude, lutou com um caso grave de gaguez, que só superou com anos de terapia da fala e foi um aluno distinguido na universidade, onde, aos 23 anos, foi agraciado com o mais alto grau de qualificação para professores em França.

Apesar da sua longa vida política, viveu sempre na quinta onde nasceu e onde criou cinco filhos com a sua mulher, Élisabeth Perlant.

Em 1986, foi eleito para a Assembleia Nacional como representante da União para a Democracia Francesa (UDF), uma confederação centrista e sete anos depois foi nomeado ministro da Educação do Governo de Édouard Balladur.

Enquanto líder da pasta da Educação (1993-1997), Bayrou propôs diversas reformas, como o financiamento de escolas privadas por autoridades locais, e foi altamente contestado acabando por ver as suas sugestões rejeitadas pelo Conselho Constitucional.

No final dessa década, em 1998, tornou-se líder da UDF, unificando-a e afastando-se dos conservadores do então RPR, antecessor do União por um Movimento Popular (UMP).

Posteriormente, fundou o Movimento Democrático (MoDem) em 2007, consolidando a sua visão de um centrismo independente e modernizador.O novo primeiro-ministro foi três vezes candidato à presidência (em 2002, em 2007 e em 2012), tendo ficado em terceiro lugar em 2007.

Em 2017, Bayrou decidiu não concorrer ao Eliseu, apoiando o centrista Emmanuel Macron.

Foi ministro da Justiça entre 2017 e 2020

Foi nomeado ministro da Justiça no primeiro Governo de Édouard Philippe (2017-2020), mas acabou por sair pouco tempo depois, no âmbito de um escândalo em que foi acusado de utilização indevida de fundos do Parlamento Europeu, onde foi eurodeputado entre 1999 e 2002.Foi absolvido em fevereiro, mas o seu partido político e oito outros responsáveis acusados foram considerados culpados.

A acusação indicava que estaria envolvido num esquema de desvio de fundos para pagar a funcionários do partido a que preside, o Movimento Democrático.

À saída do tribunal, Bayrou disse que a decisão do tribunal marcava o fim de um "pesadelo de sete anos".

Ainda assim, Bayrou continuou a desempenhar um papel fundamental como conselheiro de Macron, sobretudo nas eleições de 2022.Bayrou é também um especialista na figura do rei Henrique IV de Navarra, que pôs fim às guerras religiosas entre católicos e huguenotes do século XVI, também nascido em Pau e também defensor de políticas de moderação.