A Polícia Judiciária participou numa operação liderada pela França, com o apoio da Europol, que culminou com a detenção de 26 pessoas – um deles um padre Tâmil por tráfico de seres humanos (migrantes do sudeste asiático) e por branqueamento de capitais, a entrada de dinheiro com origem criminosa no sistema financeiro.

Segundo o comunicado da Europol, a investigação detetou que grupos criminais transportavam cidadãos da Índia, Sri Lanka e Nepal para a Europa continental, o Reino Unido e a América do Norte, através do Dubai ou de países africanos. Faziam-no através da obtenção de documentos falsos, como vistos turísticos, de trabalho e médicos.

“Era cobrado cerca de 15 mil a 26 mil euros a cada migrante para o serviço”, indica a mesma fonte. A estimativa aponta para centenas de milhões de euros de proveitos ilegais com as operações.

No caso de França, que centralizou a investigação designada operação “Colombo”, houve milhares de traficados em dois anos. A investigação culminou em 26 detenções, mas também no arresto de bens, que os investigadores acreditam ter origem nas práticas criminais.

Os valores diferem entre o que é comunicado pela Europol e a Polícia Judiciária, mas houve apreensão de imóveis (moradias e lojas) num valor em que a Europol fala em 3,4 milhões de euros. Houve 35 contas bancárias bloqueadas com mais de 400 mil euros, bem como 121 mil euros em criptomoedas. Há 23 veículos de luxo, no valor de 752 mil euros parados. Foram arrestados “ouro e joias avaliados em mais de 4,5 milhões de euros, 1700 em vouchers de restaurante, maquinaria para a produção de joalharia com valor estimado em meio milhão de euros e 320 mil euros em dinheiro”, segundo a PJ.

A PJ, que atuou através da Unidade Nacional de Combate ao Cibercrime e Criminalidade Tecnológica, contribuiu com a apreensão de contas ao cruzar com outra investigação já feita. “Na sequência de uma investigação por Burla/CEO Fraude, conseguiu identificar quatro contas que se encontravam referenciadas pelas autoridades francesas no âmbito da operação ‘Colombo’, tendo ainda apreendido centenas de milhares de euros”, segundo explica.

“Os responsáveis pela constituição das empresas/abertura das contas deslocaram-se a território nacional apenas com o móbil de montar uma rede de branqueamento (constituição de empresas, abertura de contas bancárias, receber e dissipar fundos com origem em factos ilícitos diversos), tendo abandonado de imediato o nosso país”, segundo o mesmo comunicado.