"Não há dúvida que os acontecimentos na Síria são o produto de um plano conjunto norte-americano-sionista", afirmou a mais alta autoridade política e religiosa do Irão no seu primeiro discurso após a fuga do Presidente sírio Bashar al-Assad para a Rússia.

Khamenei afirmou que Washington e Telavive são os "principais conspiradores" da deposição do chefe de Estado sírio.

"Temos provas disso. Estas evidências não deixam margem para dúvidas", denunciou no seu discurso, proferido a "milhares de pessoas" de diferentes áreas da sociedade iraniana na mesquita Imam Khomeini.

O religioso afirmou ainda que um "país vizinho da Síria teve um papel evidente" na deposição do Presidente sírio, numa aparente referência velada à Turquia, que apoia parte das milícias envolvidas na ofensiva rebelde que tomou o país.

O Irão foi um dos principais aliados de Al-Assad, a quem apoiou militar e economicamente ao longo dos anos e tinha aquilo a que chamava "conselheiros" militares em solo sírio.

O país árabe fazia parte do chamado "eixo da resistência", a aliança informal anti-Israel liderada pelo Irão e composta pelo grupo islamita palestiniano Hamas, pelo movimento xiita libanês Hezbollah, pelos Huthis do Iémen e por uma miríade de milícias no Iraque.

A Síria foi o único Estado que fez parte desta aliança e desempenhou um papel importante, porque deu ao Irão acesso direto ao Hezbollah.

As autoridades iranianas reconheceram que a queda de Al-Assad é um golpe para a aliança, cujos membros tem atacado Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.

Após a tomada da capital pela coligação liderada pelo grupo islamita Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham ou HTS, em árabe), a embaixada iraniana em Damasco foi saqueada no domingo, embora já tivesse sido desocupada.

Os rebeldes sírios declararam, em 08 de dezembro, Damasco 'livre' do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de uma ofensiva armada de uma coligação liderada pelo HTS, juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, para derrubar o regime sírio.

Perante a ofensiva rebelde, Al-Assad, que esteve no poder 24 anos, abandonou o país e exilou-se na Rússia.

No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.

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