No início de novembro, a greve dos técnicos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) às horas extraordinárias e a greve da Federação Nacional de Sindicatos Independentes da Administração Pública coincidiram num dia: 4 de novembro. Segundo adianta o “Público” esta quarta-feira, as centrais do 112 reencaminharam nesse dia 4815 pedidos de ajuda para o INEM, mas pelo menos 2305 ficaram por atender. Ou seja, quase metade.
A crise no socorro levou a ministra da Saúde a assumir responsabilidade no Parlamento, onde reconheceu a gravidade da situação, dizendo que “pelo menos um dos turnos não cumpriu os serviços mínimos” e que “foram muitas as chamadas por atender”.
O “Público” ressalva que o número de chamadas por atender deve abranger quem, ao não obter resposta, desligava o contacto e voltava a ligar. Por outro lado, as chamadas perdidas não incluem os telefonemas transferidos para os Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) através da central SNS24 ou pedidos recebidos diretamente nos bombeiros e na Cruz Vermelha Portuguesa. O volume de chamadas atendidas (2510) trata-se do nível mais baixo registado em mais de dez anos.
Houve 11 vítimas mortais alegadamente associadas a atrasos do INEM motivados pela greve às horas extraordinárias que se realizou de 30 de outubro a 7 de novembro. O Ministério Público e a Inspeção-Geral das Atividades em Saúde abriram inquéritos às falhas no socorro.
Em novembro, o primeiro-ministro disse que o governo não exclui responsabilidades políticas associadas ao caso do INEM, mas afastou demissões. “Assumir as responsabilidades não significa demitir-se, é um conceito novo, não existe. Não é por se demitir pessoas que a responsabilidade política é assumida e no dia seguinte está tudo bem”, afirmou Luís Montenegro.
O presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH), Rui Lázaro, disse em declarações ao “Público” que “o número de chamadas real que ficou por atender será manifestamente superior”. Atualmente, de acordo com Rui Lázaro e o coordenador da comissão de trabalhadores do INEM, os tempos de espera das chamadas de emergência têm estado controlados.