Numa intervenção no 22.º Congresso do PCP, Ilda Figueiredo, que está de saída do Comité Central, lembrou os conflitos e as suas "dramáticas consequências para os povos" que emergem no plano internacional e afirmou que, em simultâneo, "fazem-se ouvir pelos mais diversos lados a denúncia das agressões imperialistas e os apelos à paz".
A vereadora comunista na Câmara Municipal do Porto enumerou os "perigosos desenvolvimentos da situação internacional" no Médio Oriente, na Europa, na Ásia-Pacífico, América Latina e África e criticou o que diz ser uma "corrida aos armamentos, a imposição de bloqueios e sanções, a fome e o genocídio", acompanhada, acrescentou, pelo avanço de projetos e forças reacionárias e fascistas.
"Estão a exacerbar as tensões internacionais e aumentam as ameaças de um conflito mundial com consequências catastróficas para a humanidade", disse.
A antiga eurodeputada disse que se vivem tempos em que o "direito internacional não é respeitado e em que as sucessivas deliberações da Assembleia Geral da ONU são sistematicamente ignoradas e impedida a sua aplicação pelo direito de veto dos Estados Unidos" como acontece, acrescentou, com Cuba e a Palestina.
Ilda Figueiredo lembrou que já quase 150 países reconheceram o Estado da Palestina e disse ser "vergonhoso" que Portugal ainda não o tenha feito, criticando ainda que o país não tenha assinado o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares - uma afirmação que gerou apupos dos delegados e convidados em crítica à posição do Estado português.
"No entanto, a Constituição preconiza a abolição do imperialismo e do colonialismo e de quaisquer outras formas de agressão, domínio e exploração. Defende a solução pacífica dos conflitos internacionais. Reconhece o direito dos povos à autodeterminação e independência, o desarmamento geral, simultâneo e controlado", enumerou.
A dirigente afirmou que "só a mobilização de todos os que anseiam pela paz pode travar estas tragédias", apelando à participação dos presentes em manifestações, concentrações e eventos pela paz e contra a guerra.
"São caminhos que vamos prosseguir desde logo com o 4.º Encontro pela Paz, já previsto para 31 de maio, no Seixal, dando particular realce à exigência de cumprir a Constituição de Abril e à mobilização de todos na defesa da paz", anunciou.
Para Ilda Figueiredo, é "tempo de tornar claro que trabalhadores, jovens, reformados, mulheres e artistas sofrem as consequências da corrida aos armamentos" que, argumentou, "servem de pretexto para impedir salários dignos, reformas justas e serviços públicos de qualidade".
O partido precisa, defendeu, de "mobilizar vontades, procurar convergências e incentivar e ampliar a voz dos que têm a coragem de estar juntos contra a guerra".
O PCP iniciou na sexta-feira o seu 22.º Congresso, que conta com a participação de cerca de 1.040 delegados e que arrancou com um discurso do secretário-geral do partido, Paulo Raimundo.
Os delegados elegem hoje a nova composição do Comité Central do partido, órgão máximo entre congressos, que deverá consagrar uma direção com menos membros, mais jovem e com mais mulheres.
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