O cancro gástrico ou do estômago é uma situação oncológica relacionada com o aparecimento de um tumor maligno no estômago. Existem vários tipos de cancro do estômago, mas o mais comum é o adenocarcinoma (representa cerca de 95% de todos os cancros do estômago).
Inicialmente, o cancro do estômago tem origem numa gastrite crónica - sendo que a grande responsável para o aparecimento da mesma é a bactéria Helicobacter Pylori, que é um agente carcinogénico. Com o passar dos anos, a gastrite crónica pode evoluir para uma gastrite com atrofia e metaplasia intestinal. A presença destas duas condições - a que os especialistas chamam de condições pré-malignas - tornam o estômago um território propenso a lesões malignas.
A infeção pela bactéria Helicobacter Pylori - responsável por cerca de 90% dos cancros do estômago - é altamente prevalente a nível mundial. Estima-se que, em Portugal, cerca de 60% a 70% da população possa estar infetada com esta bactéria e, em determinadas regiões de Portugal, sobretudo a Norte, esta percentagem tem tendência a ser maior.
Os dados não muito animadores relacionados com este tipo de tumor maligno explicam-se pelo facto do diagnóstico ser feito - grande parte das vezes - em estado não precoce da doença. Assim, a taxa de sobrevivência a 5 anos é de cerca de 70% para doença localizada, 30% para doença localmente avançada e de 5% para quando a doença já está metastizada no momento do diagnóstico.
Sintomas e sinais de alerta
Os sintomas são, normalmente, inespecíficos. Alguns dos mais comuns são os seguintes:
- Dor nos quadrantes superiores do abdómen
- Dilatação do estômago, após as refeições
- Vómitos
- Perda de peso
- Perda de apetite
- Intolerância alimentar
- Indigestão ou sensação de ardor
- Hemorragia (vómito de sangue ou sangue nas fezes)
- Fraqueza e cansaço
Fatores de risco
Para o cancro do estômago, estes são alguns dos mais frequentes:
- Infeção por Helicobacter Pylori
- Gastrite crónica
- Metaplasia intestinal
- Presença de pólipos no estômago
- Antecendentes familiares
- Alimentação rica em alimentos fumados e pobre em vegetais e fruta
- Idade
- Tabagismo
Prevenção, rastreio e diagnóstico
Detetar precocemente é fundamental para os especialistas para que o prognóstico seja mais favorável. Através da remoção de lesões benignas, por exemplo, pode evitar-se o aparecimento de cancro. Identificar as pessoas com maior risco de aparecimento de cancro do estômago também deverá estar entre as prioridades de ação para o combate ao cancro do estômago.
Quem deve então ser testado para a presença da bactéria Helicobacter Pylori:
- Jovens em países com levada prevalência da doença, como é o caso de Portugal
- Pessoas jovens com sintomas dispépticos: dores nos quadrantes superiores do abdómen, sensação de enfartamento durante as refeições
Nestes casos pode ser adotado uma estratégia de testarem não invasiva.
A partir do momento em que surja algum sinal de alarme como dor forte, perda de peso, perda de apetite ou anemia, assim como a partir de uma determinada idade (entre os 50 e 60 anos), deve ser efetuada uma endoscopia digestiva alta, principal exame complementar de diagnóstico. O exame pode ser feito com anestesia local ou sob sedação e aí são recolhidas pequenas biópsias da mucosa gástrica e de lesões suspeitas. Após a recolha, as amostras são analisadas por um especialista de anatomia psicológica. Se o cancro estiver numa fase precoce, o tumor pode ser tratado através desta mesma endoscopia sem haver necessidade de cirurgias de remoção cirúrgica mais complexas.
No caso de pessoas com historial de úlcera gástricas ou duodenais, com linfomas ou lesões pré-malignas ou malignas do estômago devem também ser testadas.
O tratamento da infeção por Helicobacter Pylori vai diminuir o risco de progressão da gastrite crónica associada a lesões pré-malignas e cancro do estômago, sobretudo se este tratamento for feita numa fase precoce da gastrite crónica.
Mais de 2 mil
casos de cancro do estômago, por ano, em Portugal. Esta doença representa 5% de todos os cancros no país, sendo mais frequente a partir dos 50 anos.
Tratamentos disponíveis
O cancro do estômago é difícil de curar, a não ser que tenha sido detectado num estadio precoce, ou seja, antes de se disseminar (metastizar). Infelizmente, e porque o cancro do estômago, nos estadios iniciais, apresenta poucos sintomas, quando é feito o diagnóstico, geralmente a doença encontra-se já avançada. No entanto, o cancro do estômago avançado pode ser tratado, e os sintomas podem ser aliviados. O tratamento para o cancro do estômago pode incluir cirurgia, quimioterapia e/ou radioterapia. Estão a ser estudadas, nos ensaios clínicos, novas abordagens terapêuticas, tal como a imunoterapia, bem como formas melhoradas e optimizadas de usar os métodos actuais.
Uma pessoa com cancro do estômago pode fazer apenas um tipo de tratamento, ou uma combinação de tratamentos. Os mais comuns são cirurgia, quimioterapia, radioterapia, imunoterapia e ensaios clínicos.
Consulte o site da Liga Portuguesa Contra o Cancro de forma a saber mais sobre os tratamentos. Em caso de confirmação do diagnóstico de cancro, o melhor tratamento será indicado pelo médico.
No vídeo abaixo, João Antunes, médico do serviço de gastrenterologia do CHUSJ, no Porto, explica na rubrica CheckUp Seguro - iniciativa que pretende contribuir para o aumento da literacia em saúde na área do cancro - do projeto “Tenho Cancro. E depois?”, quais são os sinais a que deve estar atento e como pode prevenir esta doença oncológica.
Sempre que tiver suspeitas ou dúvidas sobre esta ou qualquer outra doença, consulte o seu médico.