
Na sessão solene comemorativa do Dia da Assembleia Legislativa da Madeira, que decorre na manhã deste sábado, o deputado Bruno Macedo (PSD) fez uma intervenção marcada pela defesa da autonomia, pelo enaltecimento do percurso da Região nas últimas décadas mas criticando duramente aqueles que “sacrificam a verdade” a favor do seu interesse político.
Macedo começou por saudar todos os madeirenses e porto-santenses, referindo que são eles “a razão e o motivo de estarmos aqui hoje”, tanto os que residem nas ilhas como os que vivem fora, mas mantêm “a Madeira no coração”.
Sublinhou o antes e o depois da Autonomia, referindo que o passado foi “marcado pelo esquecimento, pelo desprezo, pelo afastamento”, enquanto o presente é de “acreditar, de querer e de vontade”.
Na sua análise histórica, o deputado social-democrata descreveu a Autonomia como uma marca identitária dos madeirenses, “uma vontade intrínseca em nós, uma marca genética, efusiva e reivindicativa”. Reforçou que a Autonomia não deve parar e apelou à mudança de instrumentos legais: “Queremos mudar a Constituição, mudar a lei eleitoral, mudar a Lei de Finanças Regionais, mudar o estatuto político-administrativo, mudar, mudar, mudar. Já não basta o pequeno arranjo cirúrgico. São necessárias operações de coração aberto”.
Num discurso com fortes críticas ao centralismo, Bruno Macedo alertou para as ameaças externas, nomeadamente dos “burocratas” europeus, que acusou de quererem promover um “apagão do papel das regiões” na União Europeia, e dos “senhores da República, que tantas vezes nos usam com intuitos político-partidários, para depois nos sonegarem o que antes nos prometeram”.
Sobraram também críticas a dois partidos da oposição madeirense, PS e JPP. Os socialistas foram acusados de, no passado, terem usado o ISAL para “promoção diária de apetites pessoais e fonte de recrutamento” e, agora, que a instituição está com problemas, seguem “caminho do rato que abandona o navio”. “É o mesmo PS que, há meia dúzia de meses, não se importou em explorar, de forma pidesca, uma comissão de inquérito, para torturar quem lhe apareceu pela frente, com a cândida anuência, conivência e protecção daquela que agora rejeita aparecer numa simples audição e que outrora também se propôs para ser presidente desta casa”, disse o porta-voz do PSD.
Bruno Macedo visou igualmente os representantes do JPP, que apelidou de “novos inquisidores do século XXI”, acusando-os de manipulação política: “Vestem-se de verde. Não todos, porque se a plebe segue de pólo verde desbotado, já o líder da monarquia absolutista vai encamisado. Também se apelidam de ‘democratas’, de ‘moralistas’, mas não passam de demagogos, populistas e algozes, gente perigosa que se aproveita da democracia para jogar contra ela. Exploram os ressentimentos, a inveja, o descontentamento e a raiva. Exploram a ignorância e o desespero, exploram, com aproveitamento e objectivos pouco magnânimos, as misérias humanas, usando as pessoas como marionetas ao sabor dos seus interesses”.
A terminar, reiterou o compromisso do PSD-M com a causa autonomista: “Não vacilaremos um segundo perante as nossas convicções na defesa da Autonomia, do aprofundamento dos nossos poderes e instrumentos (…) doa a quem doer, incomode a quem incomodar”.